quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Propaganda de guerra




O5/08/2008


Por: Fausto Wolff (Jornal do Brasil)


Como se chama uma democracia na qual um país forte (os EUA) financia um país pobre como o Iraque para lutar contra ouro país relativamente fraco (o Irã), depois invadir o Irã, por causa das suas armas nucleares como se as armas nucleares de Israel fossem buscapés.


Os alemães não eram tão maus nos filmes americanos, mas eram inimigos da democracia
Se o que se pretende é objetividade e informações acuradíssimas, datas rigorosas, não esperem nada disso. Não é fácil escrever um artigo depois que se passaram mais de 50 anos dos fatos que pretendemos analisar. É capaz de se encontrar mais clareza e verdade nas obras de Tucidides e Heródoto do que em qualquer texto sobre as guerras mais recentes.
Sinto muito, moreno, mas quem quiser lidar com a História, erros menores, depois da Primeira Guerra terá de lidar com mentiras de ambos os lados. Por isso não é fácil escrever um artigo 50 anos depois dos numerosos "fatos" que se pretende analisar.
Quando eu era guri (um pouco menos ou mais do que sou hoje) os seres que me horrorizavam nas horas pequenas das madrugadas frias de Porto Alegre eram, pela ordem, os índios americanos sempre prontos a entrar pelas janelas com suas machadinhas e os chineses que sorriam enquanto te afligiam terríveis torturas e te obrigavam a beber venenos. Os alemães não eram tão maus (nos filmes) americanos, mas eram inimigos da democracia. Felizmente, minha mãe descendia de poloneses, o que colocava-me num patamar menos infame do que os indios, os chineses (ou japoneses?). Viram que belo samba do crioulo doido na cabeça de uma criança nascida no Brasil em 1940 e cuja família emigrara em 1824?
Em se tratando de guerra, portanto, não creiam. Podem ter certeza de que nas escolas primárias que se ensinam no Paraguai, por exemplo, a História do Brasil é outra. Vejam a democracia, a minha noiva fugidia, é uma das mais bem engendradas mentiras da História. Desde os gregos ninguém conseguiu chegar mais perto dela. E ainda assim admitiam os escravos que tinham menos a ver com educação e cultura e mais como presas de guerra. Era muito comum, por exemplo, escravos surgirem como conselheiros de reis e faraós, o que complicavam mais a minha cabeça. Vejam os exemplos de José e Abraham e vejam quantos séculos depois tratamos os nossos escravos – domésticos – as vítimas do holocausto, os moradores de Gaza e os prisioneiros de Abu Ghraib. Ah, sim, parece que morreram 5 milhões de ruandeses recentemente e o mundo democrata nada fez. Aquela frase idiota "A democracia é o pior dos sistemas mas é o melhor etc.." só pode servir para crianças numa época que me parece fundamental para o ser humano – dos 0 aos 5 anos. Quanto à democracia, ela mudou um pouco para pior. Observem:
– Então, cumpadi, vai votá no coroné João ou no coroné José?
– Lá em casa tudo era João também, mas coroné ofereceu 10 reais prá família votá nele.
– Mas isso não é democracia, cumpadi. Ele tá comprando teu voto.
– Tá não. Num me obrigou a vender, ora. Só fizemos um negócio e é milhó ganhá deis mirreis do que num ganhá nada.
A democracia é um sistema baseado no dinheiro. Sem eles os homens nada são porque dependem do que levam no bolso, no banco e não de seus próprios ideais. Como se chama uma democracia na qual um país forte (os EUA) financia um país pobre como o Iraque para lutar contra ouro país relativamente fraco (o Irã), depois invadir o Irã, por causa das suas armas nucleares como se as armas nucleares de Israel fossem buscapés. Um partido político precisa ser uma filosofia em que o homem seja mais importante do que o dinheiro.
Os olhados ganharam a Segunda Guerra pelo maior poder de fogo e pela torcida da adolescência. Nas histórias em quadrinhos e nos filmes surgiram de repente centenas de heróis americanos lutando contra os nazistas e os japoneses. Eram sempre bravos, bonitos, corajosos. Todos os super-heróis de quadrinhos americanos entraram na guerra a favor dos aliados. Isso, porém, nada tinha a ver com ideologia e sim com vencer ou vencer, não importa se com os russos ou contra os russos. Recentemente foi liberado um excelente filme de guerra alemão feito e lançado em 1942, baseado no livro de DCDavies, embaixador dos USA de 36 a 38. O filme, com Hary Houston, pai do diretor John Houston, foi muito bem recebido nos EUA e por tratar-e de um filme para adultos realçava as qualidades da vida comunitária soviética. Saiu de cartaz assim que Hitler fez seu pacto com Stalin. Havia centenas de filmes populares contra a Alemanha por quase todo o mundo depois da entrada dos aliados no conflito mas nenhum tão bem feito como Missão perigosa. O que me assusta: é que nos últimos anos tenho visto muitos filmes sobre a crueldade dos árabes. Colocando, inclusive mexicanos ignorantes contra negros ignorantes loucos para dar a vida por quem os tratou por mais de 200 anos como burros de carga nos Estados Unidos. Os filmes de propaganda pró Estados Unidos e pró Israel estão começando a ser distribuídos pelo mundo e custam milhões. Falam sobre o american way of life onde quem trabalha enriquece e para essa propaganda onde os bandidos são sempre árabes. Cuidado, Caetano, que americano não distingue árabe de brasileiro.



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