quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Câmara Única do Tribunal de Justiça de Roraima (TJ-RR) solta dois pedófilos

Você deixaria esse marginal chegar perto de seu filho?

Por Otto Mendes

O empresário José Queiroz da Silva, conhecido como Carola (proprietário das Casas Lira), e o funcionário do Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TRE-RR) Hebron Silva Vilhena, que estavam presos acusados de fazer parte de uma rede de pedofilia no Estado, foram libertados na manhã desta terça-feira, 12. A decisão foi dos desembargadores Mauro Campello e José Pedro Fernandes (à favor) e Ricardo Oliveira (contra). Eles argumentaram que que já foram ouvidas todas as testemunhas de acusação e que os dois não desmonstraram interesse em fugir do estado (há!há!há!há!há!há!há!há!), o que é bem provável, pois os dois estavam presos, e que não representam perigo a ordem pública, perigo mesmo só para as crianças. Já que os dois "ilustres" desembargadores acham que os acusados não representam perigo, por que eles não deixam seus netos sob os cuidados de tão inocentes pedófilos?


segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Parece brincadeira!


Por Otto Mendes Filho

O Supremo Tribunal Federal continua cagando na cabeça dos brasileiros, aprontando mais uma presepada: o que se diz ministro, Ricardo Lewandowski, mandou soltar o ex-prefeito de Juiz de Fora (MG), Carlos Alberto Bejani, filmado recebendo propina de empresários. O STF socorreu com rapidez impressionante o marginal Daniel Dantas, não deu qualquer esclarecimento à sociedade sobre a acusação de que facilitaria a vida do bandido acima citado, proibiu o uso de algemas para ricos e autoridades (você realmente acredita que essa lei vai valer para o povo brasileiro?) e agora salta mais um bandido (rico). Mais uma vez quero lembrar a esses juizinhos que a vida de luxo e vadiagem que eles levam são pagas pelo povo brasileiro, pois, rico e autoridade não pagam impostos no Brasil. Então, esses fulanos tem que nos dar satisfação sim, tem que lamber os nossos pés!

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Como trabalha a imprensa no Brasil



Vejam quem está contra a demarcação de Raposa Serra do Sol

Agora entendi porque o STF está do lado deles

Justiça Brasileira


Daniel Dantas 2


Daniel Dantas 1


Marginais


As Elites


Como funciona o STF e o resto da justiça no Brasil


Mais uma presepada do STF (esgoto)

Uma foto da Casa da Mãe Joana

Por Otto Filho

Apesar de serem sustentados pelos impostos do povo brasileiro, os que se dizem ministros do STF, continuam legislando em causa própria: A partir de hoje, ricos e autoridades não podem mais ser algemados. Algemas só para o povo. Os juizinhos do STF se sentiram ofendidos quando viram o companheiro Daniel Dantas ser preso e algemado e resolveram agir. Logo, ricos e autoridade não poderão mais ser presos. Como exemplo de constrangimento por causa de algemas, os marajás do STF citaram o caso de Jader Barbalho e do ex-prefeito Celso Pitta (duas almas sebosas, marginais de primeira), que ao serem presos foram algemados, o que irritou seus aliados do STF.

Enquanto isso, na sede do crime organizado no Brasil, o Congresso Nacional, os congressistas buscam desesperadamente livrar a cara do marginal Daniel Dantas e sua quadrilha. A tática é criminalizar o delegado da Policia Federal, Protógenes Queiroz, que não se espantem, vai virar réu. Os integrantes do governo Lula, os integrantes do governo FHC (principalmente deste, pois foi ai que Daniel Dantas agiu sem qualquer restrição), o Congresso Nacional em peso (governo e oposição), o STF, o STJ, a Globo, a Bandeirantes, a Editora Abril, a Folha de São Paulo e o Estado de São Paulo estão desesperados ante a hipótese do marginal Daniel Dantas ser preso e abrir a boca, pois a lama vai atingir níveis inimagináveis nas instituições e empresas acima citadas. Todos buscam desqualificar e impedir as investigações contra o marginal que se diz empresário.


quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Bravo povo de Vizeu

Bem que podia ser no Congresso Nacional ou no STF



Por Otto Filho

Está de parabéns o bravo povo da cidade de Vizeu, no Pará, que fez valer seus direitos de cidadãos paraenses e brasileiros, queimando o fórum e a delegacia da cidade. Já que a justiça e o Estado não fazem nada contra os policiais que assassinaram um adolescente (os policiais foram afastados de suas funções, mas, não foram presos e continuam a receber seus salários), o povo de Vizeu mostrou sua indignação e fez justiça. Isso é democracia pura, é o velho espírito cabano que aflorou mais uma vez no sangue desses heróicos paraenses. Parabéns mais uma vez, povo de Vizeu! O povo brasileiro podia seguir o exemplo desses homens e mulheres de coragem e fazer o mesmo em muitas instituições que trabalham contra o povo brasileiro, como o STF, o Congresso Nacional e muitas outras.

STF, mais uma vez vai contra o povo brasileiro


Por Otto Filho


Ontem a noite, o STF liberou a candidatura de candidatos que foram condenados em primeira instância, contrariando mais uma vez a vontade do povo brasileiro para o beneficio de poucos. O povo brasileiro já não acredita mais nessa instituição podre que é o STF, que legisla em causa própria e também em beneficio de seus aliados, basta a ver a rapidez com que essa casa da Mãe Joana socorreu o marginal Daniel Dantas, mas, que ficou calada com a denuncia gravíssima de que este esgoto facilitaria as coisas para o bandido que se diz "empresário". O STF está para servir aos poderosos e intimidar e prejudicar o povo brasileiro. Será que a solução é fazer o mesmo que os bravos cidadãos de Vizeu, no Pará, que botaram fogo no fórum da cidade, já que não conseguem que o Estado faça justiça? Se fora assim, FOGO NO STF!!! Esses juizinhos são pagos por nós, para viverem uma vida de luxo e vagabundagem, CHEGA!!!!

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

For Sale: seres ou reses


A reação dos donos e a IV Frota norte-americana – militares brasileiros prendem, torturam, estupram e matam no Haiti


A preocupação agora é garantir que esse arremedo de democracia que temos seja mantido sem maiores atropelos e assim a bandeira do Tio Sam possa tremular em cada general heleno da vida, seja “ministro da defesa” da VALE, ou em cada gilmar mendes, na tarefa de garantir a ação de banqueiros e que tais no processo político brasileiro. Isso em relação ao Brasil.


Por: Laerte Braga




Um dos principais centros norte-americanos de estudos de estratégias voltadas para a América Latina no Departamento de Estado dos EUA entende que não há necessidade de dar continuidade ao projeto “fábrica de imbecis”. Já atingiram a um patamar que basta manter. Vai ser o suficiente para manter também o controle da região.

“Fábrica de imbecis” é veiculado pela mídia comprada e moldada aos interesses dos principais grupos políticos, econômicos e militares dos EUA, o complexo militar/industrial a que se referiu o ex-presidente Eisenhower (por sinal general). Insere-se no conjunto de políticas daquele país para com países latino-americanos e se espalha por todos os setores de atividades.

A última ação efetiva e concreta dos norte-americanos foi um seminário para estudar formas de influenciar na reforma política anunciada pelo presidente Lula. Querem evitar surpresas como as que aconteceram na Venezuela, na Bolívia, no Equador e no Paraguai.

Veio em seguida à decisão do presidente George Bush de recriar a IV Frota. Atuou na década de 50 e até a metade da década de 60 do século passado, vigiando e assegurando a “democracia”, mesmo que travestida de ditaduras cruéis e sanguinárias como as que dominaram a região até a metade dos anos 80.

Num magnífico trabalho publicado no antigo JORNAL DO BRASIL, Marcos Sá Corrêa mostrou, com base em documentos liberados nos EUA, que a frota estava em águas territoriais brasileiras em 1964 para ajudar os nossos generais golpistas caso houvesse algum imprevisto, permitindo a eles “garantir a democracia” no golpe que prendeu, torturou e matou. Continuam impunes e Jobim, ministro de Lula, já garantiu que vão continuar impunes.

A preocupação agora é garantir que esse arremedo de democracia que temos seja mantido sem maiores atropelos e assim a bandeira do Tio Sam possa tremular em cada general heleno da vida, seja “ministro da defesa” da VALE, ou em cada gilmar mendes, na tarefa de garantir a ação de banqueiros e que tais no processo político brasileiro. Isso em relação ao Brasil.

Na Argentina, por exemplo, contam com a dedicação dos colonos ingleses que ocupam as ilhas Malvinas e lá constroem um aeroporto clandestino para o caso de operações destinadas a manter a tal “democracia”.

Há uma diferença visível a olho nu entre o presidente Chávez da Venezuela e o presidente Lula do Brasil. Chávez foi a Espanha, “fez as pazes” com o rei Juan Carlo, ganhou uma camisa com a inscrição “por que non te calas” e chegando a Caracas anunciou que vai recomprar o banco da Venezuela, privatizado nos idos de 90 do século passado, por governos semelhantes ao de FHV (Fernando Henrique Vende).

Com um detalhe. Quando o banco Santander (espanhol) soube do interesse do governo da Venezuela anunciou que não quer vender o Banco da Venezuela, ao contrário do que havia anunciado e assinado na bolsa de valores de Caracas.

Lula, aqui, pegou o telefone e ligou para Bush. Foi prestar contas do fracasso da chamada Rodada de Doha e dizer ao norte-americano que espera que resultados sejam alcançados na próxima reunião. O ministro Reinold Sthephanie, que criticou a política do presidente através do chanceler Celso Amorim na reunião dos 135 países que participaram da rodada, continua no cargo.

Diferença de atitude. E atitude em se tratando de presidentes de república quer dizer muita coisa.

A IV Frota é uma intervenção direta dos EUA na América do Sul. Uma ação golpista e militar.

A prática de cooptar militares de alta patente em países como o Brasil nos custa essa submissão quase que absoluta aos interesses norte-americanos e agora europeus (EUA e Comunidade Européia agem em comum nos interesses gerais dos dois grupos).

Interesses norte-americanos e europeus dizem respeito a política, economia e isso implica em controle dos movimentos sociais (criminalização). Imbecilização das pessoas através da mídia comprada e controlada (inclusive com participação societária, lei votada no governo FHV).

Pedro Bial já está pronto para o BBB-9.

Transformação do Estado em instituição inerte no processo de mudanças efetivas, em estrutura institucional privatizada, hoje com os pés e as mãos no Executivo, no Legislativo e no Judiciário.

No caso específico do Brasil não temos o controle da Região Amazônica não é porque reservas indígenas estejam demarcadas, ou para ser demarcadas. É em função de latifundiários associados a grupos estrangeiros, com apoio de militares brasileiros, governos e policiais estaduais e empresas privatizadas como a VALE.

Lula já disse que quer fazer um acordo com os “principais desmatadores” da floresta Amazônica visando “diminuir o desmatamento e criar condições para o desenvolvimento sustentável”. Balela inventada para justificar a internacionalização da área. Não existe isso.

A principal força de defesa dos índios na Amazônia é o CIMI (Conselho Missionário Indígena), que não tem nada a ver com ONGs estrangeiras. O principal fator de dominação é o SIVAM (SISTEMA DE MONITORAMENTO DO ESPAÇO AÉREO AMAZÔNICO), por onde passeiam aviões norte-americanos no esquema do “Plano Colômbia”, denominação que deram ao produto intervenção e controle.

Foi o primeiro grande “negócio” do governo de FHV (Fernando Henrique Vende). Valeu chantagem, demissão de ministro, na esteira do favorecimento à “empresa” dos EUA que opera o sistema e permite que militares brasileiros varram, limpem e façam previsão do tempo no pressuposto da colaboração.

Têm, os norte-americanos, a chancela do comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno, um dos conferencistas preferidos do sistema FIESP/DASLU.

O que os norte-americanos chamam de “fábrica de imbecis” é o que a mídia veicula diariamente no objetivo de transformar seres humanos em robôs e máquinas, dispostos a se deixarem encaçapar nas tacadas que começam em Washington e terminam nas mesas de torneios de sinucas com prêmio superfaturado em lojinhas de achaques do “quero o meu” cá embaixo. Ou nos hotéis que pilantras transformam em sedes enquanto vendem terrenos a cunhados.

É o modelo. O efeito cascata. Do que há quem faça e quem deixe fazer.

O sujeito acredita piamente que quando entra numa loja, ou vai trabalhar numa associação de pilantragem está sendo cidadão, cumprindo seu dever e vivendo a vida como a vida deve ser vida no mundo que se convencionou chamar de real, o mundo do tudo é normal. Tem bom dia, sorriso e dedicação. E por baixo dos panos tem as foto montagens da realidade. Tanto podem ser as armas químicas e biológicas que não existiam no Iraque, quanto a pornografia barata de figuras padrão Pastinha.

O jornal O GLOBO – THE GLOBE –, um dos principais porta-vozes desse modelo no Brasil, noticiou que o engenheiro Steve Norris criou um robô pufe. O robô segue o dono pelo calor que sai do corpo do suposto ser humano e se presta a servir de assento. Os mais espertos já estão colocando pequenas geladeiras no interior do robô pufe. Enquanto estão assentados bebericam.

A idéia do norte-americano surgiu quando percebeu o tédio, diz o jornal, de ficar esperando a mulher fazer compras.

O perigo está em algum especialista recomendar que todos voltemos a andar de quatro como forma de alcançarmos elevação e status e de repente, as ruas fiquem coalhadas de quadrúpedes.

Meu medo é numa situação dessas o Lula telefonar para Bush e pedir uma reunião. E Bush dizer que venezuelanos, bolivianos, equatorianos, paraguaios, cubanos e nicaragüenses não compreendem o espírito da modernidade e por isso precisam refletir e voltar aos “bons tempos”. Insistem em ser bípedes.

O chicote e o pelourinho neste momento têm outra forma. A “fábrica de imbecis”.

O professor universitário e arquiteto haitiano, dirigente da Central Sindical Ovrière, Didier Dominique, está no Brasil. Entregou a OAB (perda de tempo, ainda se imagina os tempos de Raimundo Faoro, já se foram), documentos que comprovam que militares brasileiros prendem, torturam e estupram mulheres haitianas e asseguram os privilégios das elites que sempre se valeram das ditaduras.

Uma das denúncias, dentre as muitas apresentadas diz respeito ao governo Lula (que carrega essa mancha inapagável). "O filho do vice-presidente José Alencar, que é empresário do setor têxtil, esteve no Haiti. Várias marcas, como Levis, Nike, estão disputando a instalação de fábricas numa zona franca, para aproveitar a mão-de-obra mais barata das Américas. Um operário haitiano custa, em média um dólar e setenta e cinco centavos por dia. Penso que a situação de miséria extrema a que o nosso povo está sendo submetido é proposital, para favorecer os interesses das empresas, forçando o trabalhador a aceitar qualquer pagamento".

O que tropas brasileiras garantem no Haiti é isso. Recolonização, negociatas, pilantragem. O general heleno foi comandante lá durante um período. Aliás, não completou o seu tempo por lá, fez besteira demais, teve que ser substituído.

E mais: "A miséria é extrema. Não há luz, a água é escassa, falta comida, não há coleta de lixo. E não vi uma única escola, um único posto de saúde, que tenha sido construído pela missão da ONU. É apenas uma missão militarizada. Afinal, que tipo de solidariedade é essa?"

Monocultura da cana provoca genocídio indígena


Entrevista: Egon Heck, Assessor do Conselho Indigenis (CIMI) Mato Grosso do Sul


08.07.2008



O holocausto Guarani. 'Está em curso um processo de genocídio desse povo'.

No início, a proposta era outra. Os senhores do agronegócio pretendiam plantar cana-de-açúcar apenas nas terras degradas do Mato do Grosso do Sul. Mas, com uma perspectiva de lucro cada vez mais alto, eles mudaram de idéia e brigam agora pelas melhores terras da região, as áreas Guarani-Kaiowá. Nas localidades menos produtivas, explica Egon Heck, coordenador do Conselho Indigenista Missionário -Cimi - MS, “se consegue produzir de 70 a 80 toneladas de cana-de-açúcar por hectare. Já nas áreas Guarani-Kaiowá se produzem até 120 toneladas por hectare”. E é nessa região, enfatiza, que os fazendeiros e as multinacionais estão se instalando.

Enquanto isso, mais de 25 mil índios Guarani-Kaiowá vivem confinados em comunidades indígenas, no estado do Mato Grosso do Sul. Se não bastasse essa situação humilhante, ainda persiste o agravante de uma mentalidade adversa aos indígenas. A elite do agronegócio tem “verdadeiro ódio dos Guarani e, sem dúvida, a perspectiva dela é de que os índios não mais existissem”, revelou Heck, em entrevista, por telefone, à IHU On-Line.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Qual é a sua avaliação do estado do Mato Grosso do Sul, que está progredindo economicamente, através do plantio da monocultura de cana-de-açúcar, mas, ao mesmo tempo, tem sua população indígena morrendo de fome e desnutrição?

Egon Heck – Essa situação é dramaticamente contrastante . De um lado, se tem um dos estados de economia mais florescentes do País, baseado na monocultura de milho, na criação de gado e, agora,a monocultura da cana-de-açúcar está entrando com muita força. E, por outro lado, há muitas populações expulsas do campo, dentre elas principalmente as indígenas. Essas são as mais afetadas, pelo fato de suas terras se situarem, em geral, nas áreas mais férteis que são as de mata Atlântica, no extremo sul do estado, as terras Guarani-Kaiowá. Hoje, na região, existem mais de 20 milhões de cabeça de gado que dispõem de 3 a 5 hectares de terra por cabeça, enquanto os índios Guarani-Kaiowá não chegam a ocupar um hectare por índio. Assim, com falta de terra, centenas de sem terras indígenas são obrigados a se deslocar para a beira das estradas. Essa é uma situação calamitosa para essas populações, além de gritante em termos de injustiça para com os povos indígenas e os trabalhadores sem-terras.

IHU On-Line – Com o destaque econômico do Mato Grosso do Sul e a construção de novas usinas de açúcar, o senhor acredita que os índices de opressão entre e contra os índios tendem a aumentar?

Egon Heck – Sem dúvida, o plantio de cana-de-açúcar, que hoje está em torno de 150 mil hectares e em cinco anos chegará a 1 milhão de hectares, com a implantação de mais de 60 usinas de cana-de-açúcar, trará um agravamento muito grande para os índios Guarani-Kaiowá. Para se ter uma idéia da gravidade do que vem ocorrendo no Mato Grosso do Sul, apenas neste ano 50 índios foram assinados no Brasil. Desses, 40 moravam no estado. Então, mais de 60% dos assassinatos de índios no País acontece no Mato Grosso do Sul, e com os Guarani-Kaiowá. Esses dados têm aumentado. Os números de suicídios, por exemplo, ficam em torno de 50 a 60 por ano, e o número de crianças que morrem por desnutrição chegou a mais de 30, desde 2005. Aldeias ou campos de concentração?

Em pequenas áreas indígenas como Dourados, quase 13 mil índios dividem 3,5 mil hectares de terra. Em Amambai, 1,6 mil hectares são utilizados por 6,5 mil índios. Em Caarapó (Tey Kue), aproximadamente cinco mil índios dividem 2,4 mil hectares, e, em Porto Lindo, outros 4 mil índios convivem em 2,5 mil hectares de terra. Com o exemplo dessas quatro comunidades, pode se ter uma idéia do confinamento em que eles são submetidos. Hoje, chamamos esses locais de campos de concentração, um holocausto Guarani, onde, de fato, está em curso um processo de genocídio desse povo.

Com o exemplo dessas comunidades, pode se ter uma idéia do confinamento em que eles são submetidos. Hoje, chamamos esses locais de campos de concentração, um holocausto Guarani, onde, de fato, está em curso um processo de genocídio desse povo.

Kaiowá-Guarani: a pedra no sapato do agronegócio

Se não bastasse essa situação de confinamento, ainda há o agravante de uma mentalidade extremamente adversa aos índios. A maioria da elite do campo e do agronegócio tem verdadeiro ódio dos Guarani e, sem dúvida, a perspectiva dela é de que os índios não mais existissem. Essa posição será agravada com o plantio intensivo da monocultura de cana-de-açúcar, nesses próximos anos. Aliás, esse processo já está aceleradamente em curso, o que faz com que os índios, em primeiro lugar, se tornem vítimas do próprio trabalho escravo da cana-de-açúcar. Multinacionais e grandes usineiros já declararam sua preferência pela mão-de-obra indígena, por ser ela mais submissa ao trabalho escravo e, ao mesmo tempo, mais empenhada na própria produção.

Hoje, para que uma pessoa que trabalha com cana-de-açúcar tenha uma renda razoável de R$ 500,00 por mês, ela precisa produzir, no mínimo, 12 toneladas de cana, por dia. Esse ritmo de trabalho garante uma vida útil de 12 a 13 anos, o que é inferior inclusive à época do início da escravidão, em que os índios também foram utilizados no trabalho de usinas. Naquela ocasião, eles viviam, no trabalho, em torno de 15 a 17 anos.

Em segundo lugar, com a plantação exacerbada de cana-de-açúcar, as terras ficarão mais valorizadas. Num dos debates que realizamos na região, eu lembro que um dos fazendeiros do agronegócio chamou a atenção para o fato de que a rentabilidade na cana-de-açúcar seria até 12 vezes mais do que, por exemplo, o mesmo número de hectares ocupados por gado. Hoje, os fazendeiros cobram o dobro no arrendamento de um hectare de terra utilizada para o plantio de cana-de-açúcar, referente ao mesmo espaço que arrendam para a plantação de soja. Realmente, isso desencadeia uma corrida frenética em direção às melhores terras. Quanto a isso, faço outra observação: falava-se muito que a cana-de-açúcar iria ocupar as áreas degradadas, no estado. Áreas degradadas nada! Nessas terras, se consegue produzir de 70 a 80 toneladas por hectare. Já nas áreas Guarani-Kaiowá, nas melhores terras, se produzem até 120 toneladas de cana-de-açúcar por hectare. E é nessa região que os fazendeiros, senhores do agronegócio e multinacionais vão se estabelecer, aliás, já estão se estabelecendo. Grandes grupos multinacionais, nesse aceno do lucro certo, estão comprando terras que lhes dão uma possibilidade de controle estratégico de uma das grandes riquezas da região, que é a água, tanto do Aqüífero guarani como de todas as bacias de água que existem na região.

IHU On-Line - Além da briga pela demarcação de terras, quais serão os próximos problemas a serem enfrentados pelas comunidades Guarani-Kaiowá?

Egon Heck – A dificuldade deles com a terra é o problema da fome. O sistema da economia Guarani, que é uma economia de reciprocidade, voltada para a vida, é totalmente chancelado. Eles não têm, muitas vezes, nem um quintal para plantar um pé de mandioca. Dourados é hoje, praticamente uma favela indígena confinada. Essa realidade da fome tende a se agravar, porque a dependência deles vai ser cada vez maior. Atualmente, em torno de 90 a 95% das famílias Guarani-Kaiowá estão sujeitas à dependência de cestas básicas, distribuídas pelo governo. Se houver qualquer problema com a distribuição dessas cestas, eles passam fome. Por isso, resolver as questões da fome, da recuperação da terra, de políticas públicas integrais articuladas na parte da produção, da recuperação ambiental, pedem medidas urgentes. Os índios costumam dizer que tiveram suas terras com mata, animais, frutas roubadas, e ganharam de volta o capim, ou seja, terra morta. Essa terra terá que passar por um processo de tentativa de recuperação para que eles possam voltar a viver com o mínimo de dignidade.

IHU On-Line – Qual é a reação do governo perante a carta enviada pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI), que reivindica ações urgentes para a população indígena? Vocês já obtiveram alguma resposta?

Egon Heck – A resposta mais imediata foi recebida no dia seguinte, quando a Polícia Federal foi em Ñande Ru Marangatu e fez apreensões de meia dúzia de armas de grosso calibre e fuzis, que são exclusivos das forças armadas, mas que estavam nas mãos dos pistoleiros, nas fazendas. Esse foi um primeiro momento, mas que não surtiu um efeito mais substancial, porque, nos dias seguintes, os pistoleiros continuaram dando tiros por cima das comunidades. Então, nosso apelo, com o envio da carta, foi no sentido de que haja um julgamento imediato da ação que paralisou a homologação das terras. O Lula aprovou a demarcação ainda em 2005, e, em março do mesmo ano, o então ministro do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim, passou liminarmente a homologação. Esse processo, que se esperava que fosse julgado ainda em 2005, se arrasta até hoje. Ao mesmo tempo, esperamos ações eficazes da Funai e da Polícia Federal, no sentido de coibir essa brutal violência, que tem como intuito atemorizar os índios, para que eles não continuem na terra. Assim, julgamos fundamental a reversão desse quadro, para dar paz a essas comunidades que estão, desde a morte de Marçal, em 1983, até hoje, submetidas a uma permanente situação de fome, violência, despejos, mortes.

IHU On-Line – O povo Guarani-Kaiowá chegou a ocupar 3 milhões de hectares do atual território do Mato Grosso do Sul. Hoje, essa área se reduziu a 40 mil hectares. Quem é o maior oponente dos indígenas, e como a situação da terra chegou a tamanhas proporções?

Egon Heck – Isso é fruto, em parte, do processo histórico da ocupação econômica dessas terras na região, e da própria mentalidade Guarani, para quem, de certa forma, não fazia sentido ser dono da terra. O povo Guarani-Kaiowá sempre entendeu que as terras foram feitas para se viver. As matas e os animais eram vistos como seus recursos naturais. Mas eles acabaram trabalhando na consolidação do sistema de fazendas e da erva mate. Nessa época, os índios ainda conseguiam viver na mata. Mas, com a chegada do agronegócio, tudo foi transformado em pasto e plantação de soja. Assim, os índios acabaram sendo carregados em caminhões, para esses confinamentos. Esse processo de ocupação histórica da região e a ocupação da terra fizeram com que eles efetivamente acabassem nessa situação de ficarem sem terras de não terem, hoje, condições objetivas de uma sobrevivência com dignidade.

IHU On-Line – Como está se dando a mobilização indígena para agilizar a demarcação das terras?

Egon Heck – Os índios estão lutando pelo reconhecimento e pela retomada das terras tradicionais, onde moravam as comunidade que foram expulsas. Esse processo está em curso. Eles estão se mobilizando, e na semana passada estiveram em Brasília. Tem crescido também, entre os Guarani-Kaiowá, a realização de grandes assembléias para pensar estratégias de recuperação da terra. O problema é que esse processo é lento. Nesse ano, apenas uma terra foi retomada, em kurusu Amba, no mês de janeiro. Sem dúvida, o grande desejo dos Guarani-Kaiowá é voltar a viver o “nade reko”, ou seja, o jeito de viver guarani, que é profundamente espiritual, ligado à integralidade e à harmonia com a terra.

IHU On-Line – O senhor já presenciou algum ato de violência nessas comunidades, ou tem relatos das explorações que eles vêm sofrendo nas aldeias?Egon Heck – Sim, são vários. Essas situações de violência são quase que diárias. Eu acompanho mais de perto as ligações telefônicas do pessoal. Eles nos telefonam desesperados, da beira das estradas, e relatam principalmente as mortes de fome. Nós tentamos acionar algumas instâncias, como a assembléia legislativa, mas o atual governo suspendeu e destruiu as 11 mil cestas básicas no início do ano. Isso criou uma situação ainda mais caótica nas comunidades. Em janeiro e fevereiro desse ano, eles passaram fome.Diretamente, nas comunidades, eu não tenho estado nos momentos em que ocorrem as agressões, mas, sempre que visitamos as aldeias, eles contam histórias de suicídio e de assassinatos. Em Dourados, por exemplo, ocorrem os maiores índices de violência, que são agravados pelo alcoolismo, pela droga e também pelo trabalho escravo, na plantação de cana-de-açúcar. Hoje, a gravidade maior está relacionada ao processo de desintegração social do povo Guarani-Kaiowá. Os homens, geralmente, vão para a usina e ficam lá até 70 dias, enquanto mulheres e crianças ficam nos barracos, se sustentando com R$100,00 de adiantamento que eles recebem pelo serviço.

IHU On-Line – Muitos jovens indígenas estão se suicidando. O que essa atitude significa para o senhor? Ela representa o ponto máximo de desespero das pessoas?

Egon Heck – Os jovens são os que mais vivenciam esse drama, porque, por um lado, existe a perspectiva de futuro, mas ao mesmo tempo, a raiz do passado está bastante fragilizada pelo processo de relações, dos contatos, das necessidades geradas. Então, tudo isso faz com que os jovens Guarani-Kaiowá representem 80% das mortes, atualmente. Embora os jovens tenham um sistema educacional bem montado, entre eles, esses dados revelam a situação de desesperança no futuro, que retratam, por sua vez, uma situação de falta de identidade, que começa a tomar conta dessa juventude. Alguns professores Kaiowá-Guarani também se suicidam. Isso mostra que não basta ter um emprego público, como professor ou agente de saúde ou trabalhar na usina. Parece que o horizonte está se fechando perigosamente. Só será possível arejar essa perspectiva de futuro, na medida em que terra, identidade e condições dignas de vida possam ser recuperadas.

IHU On-Line – E como falar de direitos humanos nestas circunstâncias?

Egon Heck – Isso é algo que nos questiona profundamente, enquanto sociedade. O Brasil não só tem dívida com esses povos, mas uma culpa muito grande, na medida em que estamos permitindo que se implante um tipo de sistema que nega e que fecha as portas para a realidade dos povos. Além disso, é um sistema que concentra tremendamente as riquezas e os bens nas mãos de uns poucos, enquanto os demais fiquem cerceados minimamente em suas condições de vida. Eu sempre digo que o nosso trabalho precisa ser mais eficaz, não só junto aos índios, mas junto à sociedade, na perspectiva de uma transformação e de uma ruptura mais profunda, em termos de modelo de direitos humanos.A declaração universal dos direitos dos povos indígenas, que foi aprovada pela ONU, no dia 13 de setembro , caiu num certo vazio nessa região, e permanecerá assim enquanto não houver um esforço do estado brasileiro de reverter esse quadro.

IHU On-Line – Como o senhor percebe os projetos de lei que tratam da exploração de recursos minerais em terras indígenas, principalmente na Amazônia?

Egon Heck – Desastroso. Várias áreas na Amazônia estão loteadas pelas grandes mineradoras nacionais e multinacionais. Quando esses projetos forem aprovados, será uma desgraceira para esses povos. Na melhor das hipóteses, eles vão ficar com algumas migalhas, e a grande maioria dos índios será submetida a um açoite civilizatório de espoliação, de valores. O que os Guarani-Kaiowá vêm passando no Mato Grosso do Sul irá se repetir com vários povos da Amazônia, especialmente da calha norte, que é a região em que existem mais jazidas minerais. O grande problema é que lá as empresas pretendem fazer mineração dentro das terras indígenas. Mesmo nas terras demarcadas, serão regularizadas explorações.

IHU On-Line – A capacidade que os índios vêm buscando, através das universidades, garantirá um futuro diferente para eles e poderá mudar o histórico futuro dessas comunidades?

Egon Heck – Essa é uma das ferramentas que os povos estão utilizando hoje. Eles costumam dizer que também estão combatendo os problemas com a caneta e, principalmente, com a sabedoria própria do povo, unindo a ciência e a técnica aprendida da sociedade não indígena. Assim, eles conseguem elaborar ferramentas eficazes de luta pelos seus direitos. Infelizmente, grande parte dos universitários indígenas talvez acabem sucumbindo a interesses individuais de conseguir um melhor estado de vida, se distanciando, muitas vezes, das comunidades de seu povo. Mas creio que, tendencialmente, o próprio movimento indígena consegue fazer com que seus estudantes tenham compromissos com suas comunidades, ao mesmo tempo que se adequem, cada vez mais, às próprias instâncias do conhecimento, como escolas e universidades indígenas, respeitando e valorizando o que é do próprio do seu povo. Isso tudo me parece ser um dos grandes acenos e contribuições da criação de novos modelos de sociedade, de novas perspectivas de países, que nós vemos, com bastante otimismo, na América do Sul.Esse modelo indígena que passa pelo processo educacional tem contribuído no sentido de construir novas forças, elementos organizativos e perspectivas de administrar com autonomia seus territórios. No entanto, num processo mais amplo, é necessário revitalizar os valores, as religiões, as culturas desse povo.

IHU On-Line – O governo do estado tem discutido, junto ao Governo Federal, alternativas para resolver os problemas dos povos indígenas da região, tanto no que se refere à demarcação das terras, como às violências sofridas pelos índios?Egon Heck – Infelizmente, a impressão que se tem e o que nós temos visto por aqui é que esse é um diálogo meio de surdos, porque as coisas não se dão de uma maneira muito clara e eficaz como deveriam ser, para chegar a entendimentos e conclusões mais efetivas com relação a esses problemas. Por exemplo, existe, na questão da terra, uma responsabilidade do governo estadual com relação à desapropriação de áreas e à titulação de áreas que eram indígenas e que acabaram sendo transferidas para propriedades particulares, pelo governo do Mato Grosso, e depois pelo governo do Mato Grosso do Sul. Essa responsabilidade precisa ser assumida pelos governos e pela sociedade sul matogrossense, porque foram eles que de alguma maneira propiciaram essa espoliação das terras indígenas.

IHU On-Line – Qual é o maior desafio para os povos indígenas do Mato Grosso do Sul?

Egon Heck - O grande desafio hoje é pensar a questão indígena, não como uma forma isolada, mas como um grande desafio nacional e do Mato Grosso do Sul, que conclama a todos nós a uma ação urgente e eficaz a curto prazo. A longo prazo, é necessária uma perspectiva sábia e inteligente, além de uma ação com justiça e equidade solidária para a reconstituição desses espaços de vida e felicidade do povo Kaiowá-Guarani em suas terras.A articulação dessas instâncias fará com que nós tenhamos a coragem histórica de mudar as nossas mentalidades e as nossas estruturas sociopolíticas, econômicas. Assim, abriremos espaço de oxigenação para que esses povos possam respirar, e não só continuar as suas lutas, mas contribuir na construção de uma nova história, com justiça e solidariedade.

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Os Guarani Kaiowá e Ñandeva


Parte do texto a seguir faz parte da pesquisa de Antonio Brand (BRAND, Antonio J. O impacto da perda da terra sobre na tradição kaiowá/guarani. Os difíceis caminhos da Palavra . Tese de doutorado, História, PUC/RS, 1998).


Os Guarani estão divididos em três parcialidades que vivem no Paraguai, na Argentina, no Uruguai e no Brasil: os Mbyá, com uma população estimada em 10 a 11 mil; os Avá-Chiripá, com cerca de 9 mil; e os Pài/Kaiowá, com 35 a 40 mil pessoas. A população Guarani que habita a região sul do estado de Mato Grosso do Sul é de cerca de 25 mil e, na sua grande maioria, corresponde à parcialidade Kaiowá e, em menor número, aos Ñandeva. Os Ñandeva se auto-denominam Guarani e, portanto serão tratados desta forma no presente texto. Embora em menor número, eles estão presentes em várias aldeias Kaiowá, por isso o uso da designação Kaiowá/Guarani para referir-se às duas parcialidades. "Há, contudo, entre os subgrupos Guarani-Ñandeva, Guarani-Kaiowa e Guarani-Mbya existentes no Brasil, diferenças nas formas lingüísticas, costumes, práticas rituais, organização política e social, orientação religiosa, assim como formas específicas de interpretar a realidade vivida e de interagir segundo as situações em sua história e em sua atualidade"(cf. http://www.isa.org.br/pib/epi/terena - Instituto Sócio Ambiental - Acessado em 31/01/06).
Os Kaiowá habitavam uma região de difícil acesso na serra de Amabai, atual fronteira entre Mato Grosso do Sul e Paraguai e, por isso, permaneceram praticamente isolados até meados do século XIX. Após a guerra do Paraguai, que teve como parte do cenário de batalha o território Kaiowá, estes passaram a ter cada vez mais contato com os não indígenas. O cultivo e extração da erva-mate, explorada em grande intensidade na região a partir da década de 1880, passou a incorporar significativo número de Kaiowá e Guarani como mão-de-obra.
Em 1882, o Governo Federal arrendou a região para a Cia Matte Larangeiras, que iniciou a exploração da erva-mate em todo o território Kaiowá/Guarani. Ainda em pleno domínio desta Companhia, o SPI demarcou, em 1915, a primeira Reserva com 3.600 ha para usufruto dos Kaiowá. Até 1928 são demarcadas para os Kaiowá/Guarani, em toda a região Sul do Estado, um total de oito Reservas, totalizando 18.297 ha . Inicia-se então, com o apoio direto dos órgãos oficiais, um processo sistemático e relativamente violento de confinamento da população Guarani nestas Reservas.
Com o desmatamento da região e a implantação das fazendas de gado e das Colônias agrícolas, em especial a CAND - Colônia Agrícola Nacional de Dourados, a partir da década de 40, dezenas de aldeias Kaiowá/Guarani tiveram que ser abandonadas pelos índios, sendo suas terras incorporadas pela colonização. A população dessas aldeias foi aleatoriamente "descarregada" nas Reservas. Esse processo de redução e confinamento compulsório seguiu inexorável, à revelia de toda a legislação já existente e a favor da proteção dos direitos indígenas à terra, até o final da década de 70. É necessário ressaltar que entendemos por confinamento compulsório a transferência sistemática e forçada das diversas aldeias Kaiowá/Guarani para dentro das oito Reservas demarcadas pelo governo entre 1915 e 1928 (Brand, 1998).A partir de 1978, algumas comunidades, com o apoio de setores da sociedade civil e dispostas a não aceitarem perder suas terras tradicionais, iniciam, com êxito, a luta para interromper essa prática histórica, comum em toda a região, pois enquanto eram necessários como mão-de-obra nas fazendas, os Kaiowá/Guarani podiam permanecer em suas aldeias, porém, concluído o desmatamento, eram expulsos, cabendo, em muito casos, aos órgãos oficiais a tarefa de efetivar a transferência para as Reservas.

A transferência de inúmeras aldeias e famílias extensas para dentro das Reservas demarcadas entre os anos de 1915-1928, não significou apenas o deslocamento geográfico dessas aldeias e a correspondente perda das terras. A vida dentro das Reservas impõe aos Kaiowá/Guarani profundas transformações na relação com o território tradicional, pois, ao perder a sua aldeia, eles são obrigados a disputar um lote cada vez mais reduzido dentro das mesmas. A crescente imposição do trabalho assalariado surge como alternativa de subsistência, mas atinge as bases tradicionais de sua economia, reforça a exploração como mão-de-obra barata e desqualificada, obrigando os índios a passarem meses distantes de suas famílias. As oito usinas de álcool e açúcar em funcionamento no Estado, assinaram, no ano de 1999 e em fevereiro de 2000, o denominado "Pacto Social" (acordo firmado entre órgãos públicos e entidades não governamentais) que visa regularizar as relações de trabalho mediante o registro dos trabalhadores indígenas. Porém, com esta medida, oficializou-se a permanência dos índios fora de suas aldeias, em contratos sucessivos de 90 dias, durante seis a oito meses em cada ano.
Finalmente, temos as alterações no sistema de chefia, com a imposição (pelo SPI) da figura do capitão. Tudo isto vai se refletir na gradual inviabilização da religião tradicional, entendida aqui como as prática e crenças, por intermédio das quais expressam a sua relação com o sobrenatural, que, ao mesmo tempo, constituem-se em referenciais básicos indicativos de cultura. O impasse maior para a manutenção do modelo cultural Kaiowá/Guarani está, justamente, nas Reservas demarcadas até 1928. É nelas que se verificam, inclusive, significativos índices de suicídios.
A partir dos anos 1970, com a mecanização e a especialização em torno da soja e do gado de corte, a presença da mão-de-obra indígena deixou de ser indispensável e, em alguns casos indesejável. Por essa época as famílias que localizavam-se nas fazendas da região foram transferidas para oito reservas que haviam sido demarcadas entre as décadas de 1910 e 1940 pelo Serviço de Proteção ao Índio, próximas à cidades da região, como Caarapó, Amambaí e Dourados. A exigüidade das terras para o número total de indígenas tem sido um grave problema. Hoje, cerca de 30 mil Kaiowá e Guarani no estado ocupam um área de cerca de 40 mil hectares.
Segundo classificação do CIMI (Conselho Indigenista Missionário), a situação das terras indígenas em Mato Grosso do Sul é a seguinte: 17 registradas, 5 homologadas, 3 declaradas, 3 identificadas, 10 a identificar, 8 reservadas e 74 sem providências. A terra indígena mais recentemente demarcada é a Taquara, situada no município de Juti, onde os Kaiwá de Taquara passam a possuir 9.700 hectares reconhecidos pela legislação.

Lei da ditadura para indiciar Sem Terra




Leandro Scalabrin, o advogado de defesa do MST, aponta que o processo enquadrando os oito integrantes e apoiadores do MST na Lei de Segurança Nacional é irregular, pois está utilizando provas que foram obtidas de forma ilícita.


Uma lei criada durante a Ditadura Militar para impedir mobilizações sociais e perseguir os opositores ao regime é utilizada hoje contra integrantes e apoiadores do MST no Rio Grande do Sul. Desde Março, oito pessoas estão sendo acusadas na Justiça Federal por supostos crimes que teriam cometido contra a Lei de Segurança Nacional.

Entre os indiciados, estão integrantes do MST que acamparam em Coqueiros do Sul, nas áreas ao lado da Fazenda Guerra, e um agricultor assentado na antiga Fazenda Anonni, na cidade de Pontão. Até mesmo pessoas apoiadoras dos sem terra, como dois homens que apenas arrendaram terras à organização, estão entre os réus.

O advogado de defesa do MST, Leandro Scalabrin, reclama que o processo é irregular, pois está utilizando provas que foram obtidas de forma ilícita. "A impressão que dá é que isso não é um processo judicial, mas sim um processo de exceção. Porque todas as provas que estão sendo utilizadas contra os oito são provas ilícitas. Provas obtidas ilegalmente, onde não foram respeitadas as garantias constitucionais dos acusados", relata.

A Procuradoria acusa os indiciados de promoverem desde saques, seqüestros e depredações até de participarem de grupos que ensinavam guerrilhas a acampados do MST. Nem mesmo uma investigação pedida pelo Ministério Público à Polícia Federal, afirmando que os sem terra não são guerrilheiros e não têm ligação com as FARC, da Colômbia, fez a Procuradoria desistir do processo.

No último dia 29 de Julho, foram colhidos os depoimentos dos oito acusados na Justiça Federal em Carazinho, no Norte gaúcho. No dia 31 de Outubro deste ano, serão ouvidas as testemunhas de acusação e, ainda sem data, as de defesa.

Confira a entrevista a seguir com o advogado Leandro Scalabrin

Os oito indiciados prestaram depoimento da Justiça Federal de Carazinho. Qual sua avaliação sobre a reunião?

A impressão que fica é que existe um pré-julgamento dos acusados. Durante a audiência, a Justiça Federal esteve cercada por policiais militares e com a presença ostensiva de agentes da polícia do judiciário federal dentro do prédio, como se de fato ali estivessem chegando integrantes de uma organização criminosa, de uma organização terrorista.

Baseado em que a Procuradoria está acusando os oito réus?

A impressão que dá é que isso não é um processo judicial, mas sim um processo de exceção. Porque todas as provas que estão sendo utilizadas contra os oito são provas ilícitas. Provas obtidas ilegalmente, onde não foram respeitadas as garantias constitucionais dos acusados. Dois deles, inclusive, não são e nunca foram integrantes do Movimento Sem Terra. Eles são processados por terem afirmado um contrato de arrendamento de terra.

Por que o processo poder ser considerado ilícito?

Os movimentos sociais têm direito de reivindicar o cumprimento da Constituição Brasileira. Seja quando se reivindica por emprego, quando se luta pela reforma agrária, seja quando os professores protestam contra o desmantelamento da educação e o arrocho salarial. Além disso, esse processo possui diversas falhas do ponto-de-vista legal, jurídico. Entre as quais, destaco o fato de que os acusados claramente não sabem do que exatamente estão sendo acusados, prejudicando a ampla defesa. Alguns dos acusados já respondem por um outro processo pelo mesmo fato, o que é vedado pela nossa Constituição.

Qual foi o último caso em que a LSN, criada na Ditadura Militar, foi utilizada?

A Lei de Segurança Nacional foi utilizada contra os grevistas do ABC na década de 80, quando houve uma das maiores greves de trabalhadores que esse país já presenciou. Para acabar com a greve, os militares utilizaram essa lei como uma forma de criminalizar as suas lideranças, como o atual presidente da República [Lula]. Algumas, inclusive, foram presas durante um certo período como estratégia de desmobilizar a greve. Agora no RS, ela está sendo utilizada contra integrantes dos movimentos sociais - alguns deles nem são integrantes - que estão reivindicando a reforma agrária aqui no Estado. Em uma conjuntura, em um momento que revela uma articulação entre setores do Ministério Público Estadual, que pretendem a dissolução do MST, tendo na utilização da LSN um mecanismo de se obter isso. Também tem que se agregar à postura da Polícia Militar gaúcha [Brigada Militar] práticas da Ditadura Militar. Foi recriado o DOPS aqui no RS. De que forma? Com a utilização da PM2 [inteligência da Polícia Militar] permanentemente investigando integrantes de movimentos sociais, partidos políticos de esquerda, centrais sindicais, deputados de partidos de oposição ao atual governo do RS, elaborando permanentemente relatórios de inteligência em que se comprova o monitoramento dessas entidades citadas e a criminalização delas, já que existe essa perseguição da polícia, desse novo DOPS, como eu chamo, e também revelando que a Polícia Militar gaúcha está sendo utilizada para fins políticos. Evocando uma postura que somente havia na época da Ditadura Militar. Como exemplo, há uns 15 dias, a Brigada Militar, ao ocupar uma vila em Porto Alegre, hasteou a bandeira da corporação naquela vila, como se fosse a ocupação do Exército, como se fosse a vitória de uma força que está em guerra com o inimigo [no caso da vila, o tráfico de drogas]. Esse inimigo é, em geral aqui no Estado, os movimentos sociais, as centrais sindicais e os partidos de esquerda.

Há uma previsão para que esse processo tenha um fim?

Não previsão de data, embora se perceba claramente uma urgência, uma pressa da Justiça Federal em julgar logo esse processo, o que não é normal, dada a complexidade da ação e o número de pessoas envolvidas. Mais uma vez, vem em prejuízo da defesa dos acusados.

Como você avalia a postura no Judiciário na luta pela terra no RS?

Nesse processo, a postura do Judiciário tem sido de criminalizar o MST, na medida em que, de uma forma totalmente desnecessária, convocou um aparato fortemente policial para cercar o prédio da Justiça Federal no dia da audiência e reforça esse clima. Além disso, todos os pedidos que a defesa formulou até o momento – alguns deles buscando garantir os direitos previstos dos acusados – foram negados. Na medida em que também existe essa pressa de julgar o processo, o que não tenho visto em ações propostas pelo Incra em que pede, com urgência, a emissão na posse de áreas desapropriadas para que seja feira a reforma agrária. Existe uma posição conservadora do Judiciário Federal gaúcho.

Propaganda de guerra




O5/08/2008


Por: Fausto Wolff (Jornal do Brasil)


Como se chama uma democracia na qual um país forte (os EUA) financia um país pobre como o Iraque para lutar contra ouro país relativamente fraco (o Irã), depois invadir o Irã, por causa das suas armas nucleares como se as armas nucleares de Israel fossem buscapés.


Os alemães não eram tão maus nos filmes americanos, mas eram inimigos da democracia
Se o que se pretende é objetividade e informações acuradíssimas, datas rigorosas, não esperem nada disso. Não é fácil escrever um artigo depois que se passaram mais de 50 anos dos fatos que pretendemos analisar. É capaz de se encontrar mais clareza e verdade nas obras de Tucidides e Heródoto do que em qualquer texto sobre as guerras mais recentes.
Sinto muito, moreno, mas quem quiser lidar com a História, erros menores, depois da Primeira Guerra terá de lidar com mentiras de ambos os lados. Por isso não é fácil escrever um artigo 50 anos depois dos numerosos "fatos" que se pretende analisar.
Quando eu era guri (um pouco menos ou mais do que sou hoje) os seres que me horrorizavam nas horas pequenas das madrugadas frias de Porto Alegre eram, pela ordem, os índios americanos sempre prontos a entrar pelas janelas com suas machadinhas e os chineses que sorriam enquanto te afligiam terríveis torturas e te obrigavam a beber venenos. Os alemães não eram tão maus (nos filmes) americanos, mas eram inimigos da democracia. Felizmente, minha mãe descendia de poloneses, o que colocava-me num patamar menos infame do que os indios, os chineses (ou japoneses?). Viram que belo samba do crioulo doido na cabeça de uma criança nascida no Brasil em 1940 e cuja família emigrara em 1824?
Em se tratando de guerra, portanto, não creiam. Podem ter certeza de que nas escolas primárias que se ensinam no Paraguai, por exemplo, a História do Brasil é outra. Vejam a democracia, a minha noiva fugidia, é uma das mais bem engendradas mentiras da História. Desde os gregos ninguém conseguiu chegar mais perto dela. E ainda assim admitiam os escravos que tinham menos a ver com educação e cultura e mais como presas de guerra. Era muito comum, por exemplo, escravos surgirem como conselheiros de reis e faraós, o que complicavam mais a minha cabeça. Vejam os exemplos de José e Abraham e vejam quantos séculos depois tratamos os nossos escravos – domésticos – as vítimas do holocausto, os moradores de Gaza e os prisioneiros de Abu Ghraib. Ah, sim, parece que morreram 5 milhões de ruandeses recentemente e o mundo democrata nada fez. Aquela frase idiota "A democracia é o pior dos sistemas mas é o melhor etc.." só pode servir para crianças numa época que me parece fundamental para o ser humano – dos 0 aos 5 anos. Quanto à democracia, ela mudou um pouco para pior. Observem:
– Então, cumpadi, vai votá no coroné João ou no coroné José?
– Lá em casa tudo era João também, mas coroné ofereceu 10 reais prá família votá nele.
– Mas isso não é democracia, cumpadi. Ele tá comprando teu voto.
– Tá não. Num me obrigou a vender, ora. Só fizemos um negócio e é milhó ganhá deis mirreis do que num ganhá nada.
A democracia é um sistema baseado no dinheiro. Sem eles os homens nada são porque dependem do que levam no bolso, no banco e não de seus próprios ideais. Como se chama uma democracia na qual um país forte (os EUA) financia um país pobre como o Iraque para lutar contra ouro país relativamente fraco (o Irã), depois invadir o Irã, por causa das suas armas nucleares como se as armas nucleares de Israel fossem buscapés. Um partido político precisa ser uma filosofia em que o homem seja mais importante do que o dinheiro.
Os olhados ganharam a Segunda Guerra pelo maior poder de fogo e pela torcida da adolescência. Nas histórias em quadrinhos e nos filmes surgiram de repente centenas de heróis americanos lutando contra os nazistas e os japoneses. Eram sempre bravos, bonitos, corajosos. Todos os super-heróis de quadrinhos americanos entraram na guerra a favor dos aliados. Isso, porém, nada tinha a ver com ideologia e sim com vencer ou vencer, não importa se com os russos ou contra os russos. Recentemente foi liberado um excelente filme de guerra alemão feito e lançado em 1942, baseado no livro de DCDavies, embaixador dos USA de 36 a 38. O filme, com Hary Houston, pai do diretor John Houston, foi muito bem recebido nos EUA e por tratar-e de um filme para adultos realçava as qualidades da vida comunitária soviética. Saiu de cartaz assim que Hitler fez seu pacto com Stalin. Havia centenas de filmes populares contra a Alemanha por quase todo o mundo depois da entrada dos aliados no conflito mas nenhum tão bem feito como Missão perigosa. O que me assusta: é que nos últimos anos tenho visto muitos filmes sobre a crueldade dos árabes. Colocando, inclusive mexicanos ignorantes contra negros ignorantes loucos para dar a vida por quem os tratou por mais de 200 anos como burros de carga nos Estados Unidos. Os filmes de propaganda pró Estados Unidos e pró Israel estão começando a ser distribuídos pelo mundo e custam milhões. Falam sobre o american way of life onde quem trabalha enriquece e para essa propaganda onde os bandidos são sempre árabes. Cuidado, Caetano, que americano não distingue árabe de brasileiro.



Basta de Guerra Fria!


Por: Emir Sader

04.08.2008


O governo colombiano é hoje um agente da política imperial norte-americana no continente. Na Colômbia se desenvolve o único foco das “guerras infinitas” do governo dos EUA na América Latina. É o país que segue apresentando o maior número de desaparições dirigentes sindicais e do campo popular em geral. O país onde há acintosamente presença de tropas norte-americanas operando no seu território.É o país que recebe a maior “ajuda” militar dos EUA na região, que tem o maior numero de oficiais e soldados treinados naquele país para. É o único país que atacou, nestes anos, com suas tropas e aviões, território de um pais vizinho – o Equador. É o país que tem questionada a legitimidade do mandato presidencial, seja pelas vinculações conhecidas de Álvaro Uribe com para-militares e narcotraficantes, denunciadas e não contestadas na sua trajetória política, seja porque, por confissão dos acusados, conseguiu reformar a constituição colombiana para obter um terceiro mandato com votos comprados.Como correlato disso tudo, o governo colombiano trata de propagar um clima de guerra fria na região, uma região que dá passos firmes nos processos de integração, de construção de estruturas energéticas comuns, de um Conselho Sul-Americano de Segurança. A Colômbia funciona como porta-voz e agente das políticas de Washington na região, que buscam dividir os governos, militarizar os conflitos, gerar e multiplicar as tensões, reintroduzir o clima de guerra fria que havia imperado há décadas em todo o mundo.Como arma dessas políticas belicistas e divisionistas - pontas de lança dos EUA no região -, o governo de Uribe passou, nos últimos tempos, a utilizar suposto material de um computador que alega ter obtido, para lançar suspeitas e acusações sobre presidentes, ministros e outros membros de governos latino-americanos, hipoteticamente vinculados às Farc. Mais recentemente, a revista Cambio – da família do Ministro da Defesa da Colômbia – voltou a lançar acusações sobre membros do governo brasileiro, com materiais que só lhe poderiam chegar do governo de Uribe, que com uma mão participa de contatos de pacificação na área e com a outra segue fomentando, sem nenhuma prova publica, calunias e difamações.O governo brasileiro não deve permitir que esse tipo de acusações siga sendo feito, deve fazer saber ao governo colombiano que não seguirá tolerando esse tipo de atitude provocadora e belicista do governo colombiano, que seguirá respeitando os assuntos internos da Colômbia, que seguirá colaborando com as eventuais novas tratativas publicas para a troca de prisioneiros e reféns, mas exige que o governo colombiano cesse com esse tipo de atitude irresponsável.Por outro lado, aqui mesmo, membros das FFAA brasileiras, incomodados com que os Ministros Tarso Genro e Paulo Vannuchi tenham retomado o tema das responsabilidades pelo hediondo crime de tortura – praticado – e confessado publicamente em vários casos – por militares durante a ditadura, vêm a público manifestar sua “revolta” contra suposta “conduta revanchista”. Fazem seminário no Clube Militar – de triste memória como antro de articulações golpistas desde os tempos de Getúlio – para discutir o que chamam de “passado terrorista” de membros do governo e do PT.Alegam, entre outras coisas: “Será que quem seqüestrou o embaixador norte-americano e o prendeu, dizendo todo dia que ia matá-lo, não cometeu ato de tortura igualmente condenável?” Bom saber que implicitamente, os autores da afirmação – publicada no Estado de São Paulo de 4/8/2008 – consideram condenável a tortura, praticada sistematicamente como política de Estado pelo regime militar, que pela força destituiu um governo democraticamente eleito pelo povo brasileiro e instaurou um regime ilegítimo, apoiado na violência exercida por setores das FFAA, com os instrumentos que a cidadania havia depositado nas suas mãos para defender a soberania nacional e não para atacar a democracia.É preciso recordar que o seqüestro do embaixador norte-americano e os outros praticados pelos grupos clandestinos da época – aos quais pertenceram notoriamente membros atuais do governo, defendendo a democracia, atacada então pelas FFAA e pela direita civil, apoiada confessadamente pelo governo dos EUA – conseguiram, sem nenhuma vítima fatal, tirar dos calabouços da ditadura, onde estavam submetidos à tortura e com riscos evidentes de vida, a várias dezenas de militantes da resistência democrática. Ações como aquelas, legitimidas pela Declaração Universal dos Direitos do Homem, como o direito de rebelião contra as tiranias – foram realizadas na defesa da democracia e contra a ditadura, exercida por altos mandos das FFAA.Como declarou, de forma digna e corajosa a Ministra Dilma Roussef recentemente no Senado, diante da interpelação de um dos tantos políticos civis participantes da ditadura militar e – portanto, conivente com as torturas, pelo menos por nunca ter feito autocrítica dessas praticas do regime a que pertencia -, ela e tantos outros brasileiros foram vitimas de prisões arbitrárias, de selvagens torturas, muitos foram assassinados, lutando pela restauração da democracia, que finalmente o povo brasileiro conseguiu impor, depois de tantos sacrifícios.Não se pode igualar verdugos e vítimas, como fez a Lei da Anistia, imposta pela ditadura. Do que se trata não é de “revanchismo”, mas de fazer o que fez a África do Sul, sob a direção do Premio Nobel da Paz, o arcebispo Desmond Tutu: apurar a verdade do que passou, único caminho para virar definitivamente essa página ignominiosa da história brasileira que foi a ditadura militar.

Raposa Serra do Sol e o futuro da Amazônia


Francisco Loebens - CIMI Norte I
A decisão do STF suspendendo a retirada dos invasores dessa terra indígena, até o julgamento do mérito de uma Ação Popular que questiona os atos administrativos de demarcação do governo, fez com que os interesses econômicos concentrassem suas forças em torno dela para provocar um retrocesso nos direitos territoriais dos povos indígenas no país.

A Amazônia é considerada hoje como uma das regiões de maior importância geopolítica do mundo em função da sua sociobiodiversidade, da água doce, dos minérios estratégicos e demais recursos naturais e por sua influência no clima do planeta. Ela desperta o interesse, tanto daqueles que a pensam unicamente como uma grande oportunidade de negócios, quanto dos que a concebem como a segurança de vida para os povos e populações que nela vivem e lhe atribuem uma importância fundamental para o bem estar de toda a humanidade.
Essas concepções antagônicas projetam cenários completamente distintos para o futuro da Amazônia:
- sua devastação e desertificação;- ou fonte permanente de vida que se recria, beneficiando as atuais e futuras gerações.
Está em curso uma intensa articulação das forças conservadoras que, buscando respaldar seus investimentos predatórios e lesivos ao bem comum na região, promovem uma campanha sistemática de desinformação com a intenção de confundir a opinião pública. Fazem parte dessa estratégia: desqualificar os dados produzidos pelos institutos de pesquisa sobre os alarmantes índices de desmatamento e os impactos atuais e futuros do aquecimento global; difundir a idéia de que a depredação e o saque das riquezas que promovem são sustentáveis, mesmo quando deixam a terra arrasada; de que a demarcação de terras indígenas significaria uma ameaça à soberania dos países; que os povos tradicionais detêm privilégios e não direitos; que a vida das populações locais depende deles. Para isso, contam com apoio de setores importantes da grande imprensa.
Essa perspectiva predatória da Amazônia se fortalece com o Plano de Aceleração do Crescimento, PAC e com a Iniciativa de Integração Regional da Infra-estrutura Sul Americana, IIRSA, articulada pelos países da região. São mega-projetos que não foram discutidos com a população e não consideram a diversidade sócio cultural e ambiental da região. Fazem parte de uma política desenvolvimentista agressiva aos povos e ao meio ambiente da Amazônia, pensada a partir e em função dos interesses externos a ela. O objetivo é superar os obstáculos geográficos para, sobretudo pela ação das empresas transnacionais, incorporar integralmente a Amazônia na dinâmica do mercado globalizado. Faz parte dessa política a pressão para que os direitos das populações locais e a proteção do meio ambiente cedam e se submetam à realização do capital.
Os direitos dos povos indígenas que têm a posse permanente e o usufruto exclusivo de 23% da extensão territorial da Amazônia brasileira foram apontados como sendo um dos grandes obstáculos a essa política desenvolvimentista.
A Terra Indígena Raposa Serra do Sol é a "bola da vez" identificada, no contexto atual, como o alvo estratégico. A decisão do STF suspendendo a retirada dos invasores dessa terra indígena, até o julgamento do mérito de uma Ação Popular que questiona os atos administrativos de demarcação do governo, fez com que os interesses econômicos concentrassem suas forças em torno dela para provocar um retrocesso nos direitos territoriais dos povos indígenas no país.
Os povos indígenas, por tudo o que representam em termos da sociodiversidade e pela violência praticada contra eles ao longo da história, a partir da década de 1970, com a sua luta de afirmação de direitos, conseguiram sensibilizar a sociedade brasileira e a comunidade internacional que passaram a considerar a sua causa justa. É exatamente esse respaldo que os índios conquistaram que está sendo atacado, através de uma cuidadosa estratégia de marketing, para provocar na sociedade um sentimento antiindígena. Com essa finalidade, destilam-se velhos preconceitos, forjados por uma visão monolítica de sociedade, onde as culturas indígenas, tidas como atrasadas, deveriam desaparecer, incorporadas à dinâmica da economia capitalista. Para minar a força da resistência dos povos indígenas, atribuem-se a eles todas as mazelas inerentes à hegemonia das atuais elites econômicas e políticas como o desrespeito as leis, a violência, a manutenção de privilégios geradores das desigualdades sociais e de associação a interesses estrangeiros que atentam contra a integridade nacional e o bem comum.
Esses setores também não disfarçam o preconceito em relação aos povos indígenas e a sua maneira de se relacionar com a terra e com o meio ambiente. Não enxergam na forma própria de vida e na sabedoria milenar desses povos nenhum valor. Por isso pouco lhes interessa se os povos indígenas tiverem sua existência futura comprometida devido à usurpação de suas terras. Esperam que as instituições públicas e a sociedade brasileira confundam os seus interesses particulares com os interesses nacionais.
O julgamento da Ação Popular contra a demarcação da Raposa Serra do Sol pelo Supremo Tribunal Federal (STF), previsto para acontecer neste mês de agosto, afetará a todos indistintamente. A decisão favorável aos povos indígenas significará que, no contexto atual da democracia brasileira, já não existe espaço para golpes do poder econômico e que todos estão sujeitos as leis do país, inclusive aqueles que de forma inescrupulosa usam da violência, mentem e distorcem a realidade, para continuar depredando e saqueando as riquezas da Amazônia. Significará, sobretudo, a possibilidade de que a Amazônia tenha futuro, com a garantia de sua sociobiodiversidade.

Manaus, 30 de julho de 2008.

Elba Ramalho, mulher de fibra


04.08.08 - BRASIL
Elba Ramalho e o São Francisco.

Roberto Malvezzi, Gogó *




"Estou muito feliz em fazer um show aqui às margens do São Francisco. Esse rio tem muita energia. Porque assinei a luta contra a transposição do São Francisco fui perseguida e tive shows cancelados. Venho de uma região da Paraíba que tem problemas de água e quero quetodos tenham água. Mas sei que existem caminhos mais simples para pôr água para o povo. Mas nós sabemos como funciona a política aqui na nossa região. Eles tiram um projeto que está na gaveta há mais de 30 anos e querem que a gente apóie as iniciativas deles". E prosseguiu: "Estou para completar 30 anos de carreira. Quero comemorar aqui às margens do São Francisco com meu parceiro Geraldo Azevedo, que é aqui de Petrolina. Vamos ver se dá certo. Sou apaixonada por esse rio e devota de São Francisco". A cada palavra que Elba foi dizendo sobre o São Francisco na madrugada de domingo, em show público na orla de Petrolina, a multidão veio junto com aplausos. Depois, gritou seu nome de pé. Ela estava emocionada e o público também. Foi simples, sincera e corajosa. A retaliação por sua posição em relação à obra vem desde a época da primeira greve de fome de Frei Luis. Depois, durante a segunda, enviou uma das cartas mais emocionantes ao bispo. Elba poderia fazer demagogia hídrica ou ficar calada. Prefere se expor publicamente, como outros artistas, que também sofreram algum tipo de retaliação, mesmo os defensores dos direitos humanos. Ela é a prova que nem toda classe artística é alienada e pode contribuir para a cidadania e a boa nordestinidade. A transposição já consumiu cerca de 600 milhões de reais (projeto, assessorias, consultorias, obras, etc) sem levar água do nada para lugar algum. Com esse dinheiro o atual governo já poderia ter feito 20% das adutoras previstas no Atlas do Nordeste e resolvido os problemas hídricos das regiões urbanas mais carentes de água do semi-árido.Elba, essa cantora que tem nome de rio, batizou-se de vez nas águas do Velho Chico.
* Agente Pastoral da Comissão Pastoral da Terra

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Cadê a resposta do STF

O juiz das elites


Por Otto Filho

Até agora, nóps, povo brasileiro, esperamos que o Ministro Gilmar Mendes, presidente do STF, nos explique as graves declarações de um comparsa de Daniel Dantas, que ao oferecer suborno para um delagado da Policia Federal, disse que era para o tal delagado os ajudar na primeira instância, pois, no STF as coisas seriam faceis. Nenhum ministro deu qualquer explicação ao povo brasileiro, mas, Gilmar Mendes ficou furioso quando Daniel Dantas, Naji Nahas e Celso Pitta foram presos, e ficou indignado com o fato deles terem sido algemados (há!há!há!há!há!há!há!há!há!há!há!). Talvez o ministro não saiba, mas, todos, quando são presos, são algemados, inclusive os pobres são algemados com as mãos para trás, geralmente a porta de suas casas são arrombadas, a televisão filma tudo e nunca vi um ministro do STF sair para defender os presos!
Como somos nós que pagamos os salários e a boa vida desses juizinhos, eles tem que prestar um esclarecimento a população brasileira, mas, esses magistrados, como a maioria das autoridades no Brasil, acham que estão acima da lei, acham que não devem satisfação a sociedade e também acham que o0 todos já esqueceram o que ocorreu. Estão muito enganados, não esquecemos e ainda queremos explicações desta instituições para as acusações gravissimas que Daniel Dantas e sua quadrilha fizeram contra o STF (a casa da mãe Joana?).
Enquanto isso, a imprensa brasileira trabalha duro para inocentar e ajudar Daniel Dantas, a Folha de São Paulo alertou o banqueiro que ele estava sendo investigado, a Revista Veja procura acusar o delegado para inocentar o banqueiro e neste barco estão também o estadão e todas as midias do sistema Globo. Todos, das empresas da mídia ao Congresso Nacional (o esgoto-mor), estão apavorados com o processo contra o suposto banqueiro, pois, não sobraria nada do governo anterior, do PSDB e do hoje DEM, a Editora Abril ficaria comprometida e os demais orgãos de imprensa também, e pelo jeito o STF também tem a temer o mafiosos Daniel Dantas, não escapa nem o atual governo, como temos visto a ajuda que o PT tem dado ao criminoso.
Perguntas ao STF:
-Por que o STF agiu tão rápido para soltar os criminosos?
- Qual o tipo de relação de Daniel Dantas com os ministros do STF?
- Por que Daniel Dantas afirmou que o STF era barbada?
Respondam se tiverem coragem!!!!
FORA GILMAR MENDES!
ABAIXO O STF!!!

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Democracia estadunindense 01


Vejam o resultado do heroismo Norte-americano

Democracia estadunindense 02


É disso que o povo americano gosta?

Democracia estadunindense 03


Por que os EUA fizeram isso com eles?

Democracia estadunindense 04


Esse menino é um "terrorista"?

Democracia estadunindense 05

Essa criança representa algum perigo?

Democracia estadunindense 06

A grande contribuição dos EUA para a humanidade!

Como pode?

O assassino


Por Otto
FilhoHoje estava a noticia na TV: Bush recebe dissidentes chineses, nos EUA e irrita o governo chinês. Bush ainda disse que os atletas norte-americanos serão os "embaixadores da liberdade", há!há!há!há!há!há! É inacreditável a cara de pau deste criminoso internacional. Vocês podem ver, nas fotos acima, o que é a liberdade para Bush e os EUA. E o pior: o povo estadunidense realmente acredita que seu país tem o dever de intervir em outros paises, em nome da "democracia" e que os EUA são os protetores desta tal democracia. Tudo bem, a China não passa de uma ditadura sanguinária, mas, e os Estados Unidos? Invadiram ilegalmente o Iraque e o Afeganistão, paises que nunca o atacaram, estão roubando as riquezas destes paises, assassinando e humilhando suas populações, torturando presos e estuprando crianças! Os EUa não tinham direito de tirar o sanguinário Saddam Hussein do poder, nem assassiná-lo, pois, nenhum iraquiano pediu ajuda, e quem deveria ter deposto o ditador iraquiano ERA O PRÓPRIO POVO DO IRAQUE, e não um bando de criminosos do outro lado do mundo. Engraçado é que até os esquerdistas norte-americanos acham realmente que o papel dos EUA é de defensor da humanidade, mesmo que eesa não queira. Prenderam o genocida sérvio, mas, o genocida Bush continua solto e mandando matar mais seres humanos em nome dos interesses privados dos EUA.