Por Otto Mendes
Um dos que acompanharam o cientista-presidemente Lula, nessa viagem de defesa do etanol pela Europa foi o usineiro Maurílio Biagi, um dos maiores do Brasil e dirigente da Unica (associação paulista do setor). Este senhor afirmou, na maior cara de pau que as críticas contra o etanol revelam uma luta de Davi contra Golias, "porque existe uma hipocrisia muito grande contra o etanol" e que nenhuma crítica é justificada, nem a ambiental, nem a social, nem a econômica! Há! Há! Há! Há! Há! Há! Há! Há! Há! Há! Há! Há! Há! Há! É inacreditável que um usineiro, herói de Lula, tenha a coragem de falar tanta baboseira sem ser preso em flagrante!
Caro usineiro, a mentira tem pernas curtas e nenhum europeu, com o mínimo de inteligência pode acreditar em tamanha besteirada. Vamos responder cada tópico da sua resposta:
Questão ambiental: para começar, a cana-de-áçucar precisa de amplos espaços, contribuindo para a destruição ambiental, já que muitas florestas e matas precisam ser derrubadas, prejudicando o ecossistema local. Outra contribuição da cultura de cana para a devastação ambiental é o uso excessivo de veneno, que escorre para rios, nascentes, lagos e até para o mar, acabando com peixes e com a flora aquática. Também temos a grande contribuição das queimadas, que despejam grandes quantidades de monóxido de nitrogênio (NO) e de dióxido de nitrogênio (NO2) na atmosfera. Quando não há queima o uso de fertilizantes nitrogenados contribuem para a emissão desses gases para a atmosfera. Tanto o uso de fertilizantes quimicos quanto dos venenos destroem o solo, como eu vi nas áreas invadidas pelas usinas em Potiguara, na Paraíba.
Questão social: ao precisar de grandes extensões de terras, as usinas expulsam, com o apoio dos governos estaduais, municipais e federal, o pequeno agricultor, o indígena e os quilombolas de suas terras, criando uma grave situação social de miséria e exclusão, contribuindo para o aumento da violência nas cidades e no campo. Para os que permanecem no campo só sobra o trabalho nos canaviais que oferecem péssimas condições de vida, quando os trabalhadores não viram escravos dos usineiros. A queima da cana prejudica a saúde de quem mora no entorno dos canaviais. Em Araraquara, São Paulo, cuja área de cana atinge 40% da região, durante a época de queimada, as internações decorrentes de asma, hipertensão e outros problemas respiratórios aumentaram muito, causando um prejuízo para o Estado e aos cidadãos com os custos dessas internações, além do prejuízo causado pela falta ao trabalho de muitos doentes.
Questão econômica: ora, caro usineiro, com tudo o que foi dito acima, já era o suficiente para provar que a cultura de cana e a produção de etanol não vale todo esse investimento. Para o Brasil se adequar a demanda que está se criando, será precisos ter disponível só para a plantação de cana 30 milhões de hectares de terras, ou seja, uma devastação ambiental nunca vista antes. Será o fim de muitas florestas e matas seculares. O aumento da emissão de gases vai triplicar e a exclusão vai atingir níveis nunca vistos antes. O custo da produção de etanol não compensa de jeito nenhum os danos que ele causa.
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