terça-feira, 4 de dezembro de 2007

D. Luíz Cáppio volta a fazer jejum pela vida do Rio São Francisco


Foto: João Zinclar


Otto Mendes e Roberto Saraiva

Sobradinho, Bahia - Diante da insistência do governo Lula em realizar as obras de transposição das águas do Rio São Francisco, o Bispo da Barra, Bahia, decidiu iniciar outro jejum pelo Rio São Francisco, em Sobradinho, a 560 km de Salvador, na capela de São Francisco e, desta vez não haverá qualquer tipo de negociação com o governo federal, pois, este tempo, segundo D. Cáppio, já se esgotou. Só a saída do exército dos canteiros de obra dos eixos leste e norte e o arquivamento deste projeto farão D. Cáppio parar com seu jejum. A Atitude de D. Cáppio é profética, pois, assim como Jesus doou sua vida por todos nós, D. Cáppio está doando a sua pelo Rio São Francisco e seu povo. Isso derruba o argumento do governo e da mídia, de que o Bispo está indo contra a doutrina da igreja da qual ele é membro, que condena o suicídio, mas, D. Cáppio não deseja morrer, e sim viver.
O governo federal finge que o problema não é com ele, e garante que as obras da transposição seguem “normalmente”. O que todos nós nos perguntamos, é por que o governo insiste em realizar esta obra, cuja principal característica é a sua inutilidade? Temos a certeza de dois fatores:
- O governo assumiu este compromisso com banqueiros, empreiteiros, latifundiários e políticos, todos de olho gordo nesta verba, inclusive para se reeleger e agora não tem como voltar atrás;
- Em 2008 e 2010 haverá eleições e parte desse dinheiro será utilizado para financiar a campanha dos candidatos do governo e seus aliados.
Várias entidades e instituições estão acampadas junto com D. Cáppio, para prestar solidariedade e protestar contra a transposição do Rio São Francisco. A toda hora, cidadãos de Sobradinho, Juazeiro, Petrolina, Cabrobó, Recife, Feira de Santana, Sergipe, Salvador e outras localidades, chegam para conhecer e prestar apoio a D. Cáppio. Toda as noites, as 19:00hs, a capela da São Francisco se enche de gente, muito em pé, mas, todos acompanhando atentamente as palavras de D. Cáppio. Ele pede para todos nós focarmos nossa atenção para os motivos que o levaram a tomar essa decisão, ou seja, a transposição, e não no ato em si, o jejum.
Enquanto isso, num ato de puro cinismo, o ministro da integração, Geddel Vieira Lima, esteve no dia 29 de novembro em Petrolina, Pernambuco, para mostrar a um grupo de pessoas as “maravilhas” da agricultura irrigada. O irônico é que o ministro vai mostrar ao que será a transposição, caso ela venha a ser realizada: só quem foram beneficiados nestes projetos realizados em Petrolina foram os latifundiários e os narcotraficantes, que expulsaram pescadores, indígenas e pequenos agricultores de suas terras; a agressão ao meio ambiente devido o uso intensivo de agrotóxicos, a produção voltada inteiramente para o mercado exterior, e cuja produção é transportada por avião para EUA e Europa, também contribuindo para o aquecimento global, pois, avião também polui. Enquanto toda essa estrutura foi montada para lavar comida para quem não precisa, milhares de famílias passam sede e fome a poucos metros do rio e dos canais de irrigação.
Em outro momento de cinismo do governo, o presidente Lula disse que a Igreja está dividida em relação à transposição. Concordamos com o presidente, pois, o assunto não é dogma de fé, e realmente a Igreja tem posição dúbia, devido a propaganda enganosa desse mesmo governo, porém devemos lembrar esse presidente que essa é a Igreja que o defendeu das torturas que a ditadura, provavelmente o submeteria, essa é a Igreja que no período das grandes greves do ABC Paulista, sofreu todo tipo de injuria e difamação em nome de um mundo livre e cheio de oportunidades para todos e todas, essa é a Igreja da Opção Preferencial pelos Pobres que a Conferencia de Aparecida ratificou como sendo a Igreja de Jesus.

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