Por Otto Mendes
Na segunda, dia 23 de abril de 2007, fui até uma escola estadual de Pernambuco, em Cajueiro Seco. Precisava efetuar a transferência de um rapaz, que hoje mora no Pará. Na entrada da escola, que parecia um terreno baldio, tive que esperar, o portão estava trancado com cadeado. Parado no portão pedi para alguns alunos que passavam que chamasse alguém para abrir, logo depois apareceu uma professora, meio assustada, querendo saber o que eu queria. Uns minutos passados e chegou o responsável pela escola, cujo cargo não saberia nomear. Este homem se chamava Luís, era risonho e simpático, mas a expressão demonstrava tristeza e cansaço. Luís não conseguia achar a pessoa que estava com a chave daquele portão. Depois de uns seis minutos apareceu uma mulher com as chaves.
O estado da escola era deprimente, completo abandono por parte do Estado, professores estressados, alunos desmotivados, estrutura podre. Entramos na sala onde trabalhava o responsável, Luis, sempre amável e prestativo. O problema é que Luís tinha que cuidar de tudo, abrir o portão, atender os alunos, receber a água, atender ao telefone, mesmo assim mantinha a simpatia, o riso sempre na cara sofrida. Na mesma sala, algumas professoras e funcionárias ligavam para o sindicato atrás de noticias sobre o fechamento de varias escolas estaduais, cuja estrutura ameaçava cair em cima de alunos, funcionários e professores. Segundo noticiaram os jornais, o governo do estado de Pernambuco fecharia algumas escolas e os alunos continuariam as aulas em um imóvel alugado. Em vez de fazer isso durante as férias, o governo espera começar o ano letivo para paralisar as aulas. Mas, vamos voltar a Luís, que com toda a gentileza e dificuldade me atendia. Em pleno segundo milênio, aquela escola não possuía computadores, era preciso achar a pasta do ano em que o aluno estava matriculado, algumas fichas estavam escritas à mão, em folha de caderno comum, mas, pelo menos estavam lá, Luís e seus companheiros de trabalho eram organizados, e depois de algum tempo estava com a transferência do rapaz em minhas mãos.
Em primeiro lugar, fiquei impressionado com a gentileza do Luís e da eficiência deste e de seus companheiros de trabalho, que no meio daquela tragédia chamada escola pública, conseguiam manter os arquivos organizados; em segundo lugar, fiquei chocado com as condições em que vivem profissionais e alunos, esquecidos pelo estado e pela sociedade. O desestimulo é tão grande, que o Luís tinha que manter as portas no cadeado, senão as crianças iriam embora, não tinham qualquer estímulo para ficar no colégio. Este é um exemplo comum do ensino público brasileiro.
Desde os tempos da ditadura, que o ensino público vem definhando, no Brasil. Os governos passaram a privilegiar o ensino privado em detrimento do público, e a classe média, em vez de lutar contra isso, preferiu separar seus filhos dos pobres, pagando preços exorbitantes. Hoje, se o cidadão puder, ele paga para seu filho estudar, pois as escolas públicas estão em frangalhos. Somos reféns das aves de rapina do ensino privado. Os que não tem outra chance a não ser a escola pública não recebem nenhum incentivo para estudar e os professores e funcionários dessas escolas recebem tão pouco que é preciso acumular empregos para poderem comer.
Nas últimas eleições, um candidato, o senador Cristovam Buarque, tinha só um discurso: EDUCAÇÃO! Era a sua meta de governo, os outros prometiam o remédio para todos os males do Brasil, o senador não, iria investir primeiramente na educação, seria sua prioridade. Num país como o nosso, devemos eleger uma prioridade, não dá para mudar tudo de uma vez, são muitos problemas e nem Deus em pessoa daria conta deles em quatro anos.
A mídia não cansou de ridicularizar a meta única do senador, a todo o momento procurando desacreditá-lo. Os outros candidatos também. A classe mídia também não apoiou o senador, pois preferem seus filhos nas escolas privadas, longe da “ralé”, e por isso, Cristovam Buarque teve uma votação baixa. O único candidato que tinha uma proposta coerente e revolucionária foi estraçalhado nas urnas, porque num país de ignorantes a educação foi considerada supérflua.
Faço minhas as palavras do candidato: a educação é à base de uma mudança profunda em nosso país. Com a educação, o povo vai ter melhor saúde, vai votar com mais consciência, vai lutar por seus direitos, formaríamos um país com mão-de-obra de melhor qualidade, formaríamos um país de cidadãos verdadeiros, um povo mais exigente menos atraído pelo consumismo. Escolas públicas de qualidade formando pessoas críticas e atuantes.
Mas, o Estado, os políticos, os bandidos donos de estabelecimentos de ensino privado, os empresários e a mídia são contra um ensino público de qualidade. Vejam por quais razões:
- Estado e políticos: uma educação pública de qualidade acabaria com a carreira de 95% de nossos políticos, pois o povão procuraria por candidatos que realmente se interessassem pelos nossos problemas. Além disso, os políticos perderiam dinheiro fazendo lobby para os donos de estabelecimento de ensino privados. Já o Estado teria problemas com o povo consciente, pois este não deixaria de lutar por seus direitos e dificultaria o seu domínio por parte do estado e de nossos políticos;
- Os assaltantes donos de escolas e faculdades privadas: Perderiam principalmente o dinheiro que eles roubam dos pais mensalmente e sua função no sistema, pois o principal objetivo das escolas particulares é manter seus alunos alienados, transforma-los em consumidores e fazê-los passar no vestibular. Todo o ensino de uma escola privada se resume em seu filho passar para a universidade. Pagamos o olho da cara com a ilusão de um ensino de qualidade. Nos colégios privados o professor é refém do aluno e de seu pai, que é quem paga o prejuízo. Já ouvi amigos meus contando que foram repreendidos pela direção da escola em que trabalhavam por estarem passando provas que dificultariam os alunos a tirarem boas notas! Assim, os alunos teriam que estudar de verdade e não teriam tempo para o shopping, inglês, internet, namoro e etc..
- A mídia: Para começar, as agencias de publicidade e a imprensa falada e escrita perderiam grana com propaganda. Mas, o principal é que um povo educado exigiria uma programação melhor, revistas mais bem escritas e interessantes, comerciais mais criativos. Imaginem que os escritores de novelas, diretores, jornalistas, colunistas, apresentadores, publicitários e produtores iam ter que PENSAR ! Além do mais, a mídia sempre lado a lado com o poder, precisa deste e por isso auxilia no processo de dominação e alienação do povo, o que seria dificultado se este fosse mais consciente;
- Empresários: Ora amigos, com certeza nossos empresários são contra um ensino público de qualidade. Primeiro porque estarão indo de encontro dois interesses dos empresários do ensino privado. Depois, com uma mão-de-obra desqualificada eles poderão continuar pagando o salário de fome que sempre pagaram, além do que, a grande maioria dos trabalhadores não conhecem seus direitos, por isso são roubados pelos seus patrões.
Nesses quase cinco anos de governo Lula já podemos perceber que não vai haver inve4stimentos na educação pública, pois o presidente já demonstrou de que lado está: do desenvolvimento a qualquer preço, do neoliberalismo e das elites. O atual governo, assim como a quadrilha que governou o país antes de Lula, não tem interesse nenhum em educar com qualidade o povão, precisa mantê-lo na ignorância para melhor poder dominá-lo.
FORA LULA!!!!!
Na segunda, dia 23 de abril de 2007, fui até uma escola estadual de Pernambuco, em Cajueiro Seco. Precisava efetuar a transferência de um rapaz, que hoje mora no Pará. Na entrada da escola, que parecia um terreno baldio, tive que esperar, o portão estava trancado com cadeado. Parado no portão pedi para alguns alunos que passavam que chamasse alguém para abrir, logo depois apareceu uma professora, meio assustada, querendo saber o que eu queria. Uns minutos passados e chegou o responsável pela escola, cujo cargo não saberia nomear. Este homem se chamava Luís, era risonho e simpático, mas a expressão demonstrava tristeza e cansaço. Luís não conseguia achar a pessoa que estava com a chave daquele portão. Depois de uns seis minutos apareceu uma mulher com as chaves.
O estado da escola era deprimente, completo abandono por parte do Estado, professores estressados, alunos desmotivados, estrutura podre. Entramos na sala onde trabalhava o responsável, Luis, sempre amável e prestativo. O problema é que Luís tinha que cuidar de tudo, abrir o portão, atender os alunos, receber a água, atender ao telefone, mesmo assim mantinha a simpatia, o riso sempre na cara sofrida. Na mesma sala, algumas professoras e funcionárias ligavam para o sindicato atrás de noticias sobre o fechamento de varias escolas estaduais, cuja estrutura ameaçava cair em cima de alunos, funcionários e professores. Segundo noticiaram os jornais, o governo do estado de Pernambuco fecharia algumas escolas e os alunos continuariam as aulas em um imóvel alugado. Em vez de fazer isso durante as férias, o governo espera começar o ano letivo para paralisar as aulas. Mas, vamos voltar a Luís, que com toda a gentileza e dificuldade me atendia. Em pleno segundo milênio, aquela escola não possuía computadores, era preciso achar a pasta do ano em que o aluno estava matriculado, algumas fichas estavam escritas à mão, em folha de caderno comum, mas, pelo menos estavam lá, Luís e seus companheiros de trabalho eram organizados, e depois de algum tempo estava com a transferência do rapaz em minhas mãos.
Em primeiro lugar, fiquei impressionado com a gentileza do Luís e da eficiência deste e de seus companheiros de trabalho, que no meio daquela tragédia chamada escola pública, conseguiam manter os arquivos organizados; em segundo lugar, fiquei chocado com as condições em que vivem profissionais e alunos, esquecidos pelo estado e pela sociedade. O desestimulo é tão grande, que o Luís tinha que manter as portas no cadeado, senão as crianças iriam embora, não tinham qualquer estímulo para ficar no colégio. Este é um exemplo comum do ensino público brasileiro.
Desde os tempos da ditadura, que o ensino público vem definhando, no Brasil. Os governos passaram a privilegiar o ensino privado em detrimento do público, e a classe média, em vez de lutar contra isso, preferiu separar seus filhos dos pobres, pagando preços exorbitantes. Hoje, se o cidadão puder, ele paga para seu filho estudar, pois as escolas públicas estão em frangalhos. Somos reféns das aves de rapina do ensino privado. Os que não tem outra chance a não ser a escola pública não recebem nenhum incentivo para estudar e os professores e funcionários dessas escolas recebem tão pouco que é preciso acumular empregos para poderem comer.
Nas últimas eleições, um candidato, o senador Cristovam Buarque, tinha só um discurso: EDUCAÇÃO! Era a sua meta de governo, os outros prometiam o remédio para todos os males do Brasil, o senador não, iria investir primeiramente na educação, seria sua prioridade. Num país como o nosso, devemos eleger uma prioridade, não dá para mudar tudo de uma vez, são muitos problemas e nem Deus em pessoa daria conta deles em quatro anos.
A mídia não cansou de ridicularizar a meta única do senador, a todo o momento procurando desacreditá-lo. Os outros candidatos também. A classe mídia também não apoiou o senador, pois preferem seus filhos nas escolas privadas, longe da “ralé”, e por isso, Cristovam Buarque teve uma votação baixa. O único candidato que tinha uma proposta coerente e revolucionária foi estraçalhado nas urnas, porque num país de ignorantes a educação foi considerada supérflua.
Faço minhas as palavras do candidato: a educação é à base de uma mudança profunda em nosso país. Com a educação, o povo vai ter melhor saúde, vai votar com mais consciência, vai lutar por seus direitos, formaríamos um país com mão-de-obra de melhor qualidade, formaríamos um país de cidadãos verdadeiros, um povo mais exigente menos atraído pelo consumismo. Escolas públicas de qualidade formando pessoas críticas e atuantes.
Mas, o Estado, os políticos, os bandidos donos de estabelecimentos de ensino privado, os empresários e a mídia são contra um ensino público de qualidade. Vejam por quais razões:
- Estado e políticos: uma educação pública de qualidade acabaria com a carreira de 95% de nossos políticos, pois o povão procuraria por candidatos que realmente se interessassem pelos nossos problemas. Além disso, os políticos perderiam dinheiro fazendo lobby para os donos de estabelecimento de ensino privados. Já o Estado teria problemas com o povo consciente, pois este não deixaria de lutar por seus direitos e dificultaria o seu domínio por parte do estado e de nossos políticos;
- Os assaltantes donos de escolas e faculdades privadas: Perderiam principalmente o dinheiro que eles roubam dos pais mensalmente e sua função no sistema, pois o principal objetivo das escolas particulares é manter seus alunos alienados, transforma-los em consumidores e fazê-los passar no vestibular. Todo o ensino de uma escola privada se resume em seu filho passar para a universidade. Pagamos o olho da cara com a ilusão de um ensino de qualidade. Nos colégios privados o professor é refém do aluno e de seu pai, que é quem paga o prejuízo. Já ouvi amigos meus contando que foram repreendidos pela direção da escola em que trabalhavam por estarem passando provas que dificultariam os alunos a tirarem boas notas! Assim, os alunos teriam que estudar de verdade e não teriam tempo para o shopping, inglês, internet, namoro e etc..
- A mídia: Para começar, as agencias de publicidade e a imprensa falada e escrita perderiam grana com propaganda. Mas, o principal é que um povo educado exigiria uma programação melhor, revistas mais bem escritas e interessantes, comerciais mais criativos. Imaginem que os escritores de novelas, diretores, jornalistas, colunistas, apresentadores, publicitários e produtores iam ter que PENSAR ! Além do mais, a mídia sempre lado a lado com o poder, precisa deste e por isso auxilia no processo de dominação e alienação do povo, o que seria dificultado se este fosse mais consciente;
- Empresários: Ora amigos, com certeza nossos empresários são contra um ensino público de qualidade. Primeiro porque estarão indo de encontro dois interesses dos empresários do ensino privado. Depois, com uma mão-de-obra desqualificada eles poderão continuar pagando o salário de fome que sempre pagaram, além do que, a grande maioria dos trabalhadores não conhecem seus direitos, por isso são roubados pelos seus patrões.
Nesses quase cinco anos de governo Lula já podemos perceber que não vai haver inve4stimentos na educação pública, pois o presidente já demonstrou de que lado está: do desenvolvimento a qualquer preço, do neoliberalismo e das elites. O atual governo, assim como a quadrilha que governou o país antes de Lula, não tem interesse nenhum em educar com qualidade o povão, precisa mantê-lo na ignorância para melhor poder dominá-lo.
FORA LULA!!!!!
Obrigado senador, por tentar mudar de verdade nosso país, pena que ninguem te escutou.
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